quarta-feira, dezembro 23, 2009

Top, tops de 2009

“Dado o conjunto correto de circunstâncias peculiares, excepcionais e provavelmente impossíveis de repetir, não seja o que você gosta, mas o que VOCÊ É, que seja importante." - Nick Hornby


É isso ai, Nick. Verdade verdadeira. Mas, como eu adoro me exibir e gosto de ter TOCs produtivos, fiz minhas listinhas de fim de ano. Aqui posto os melhores de 2009.
Não posto outras listas porque além de listinhas alheias serem pouco interessantes, minha família lê o blog, então não posso escrever listas pornos, ou sobre as drogas que experimentei, as brigas que mais tirei sangue de alguém, melhores palavrões ditos... Infelizmente, talvez essas fossem mais atrativas, mas...


Listinhas 2009:
Melhores filmes vistos em 2009:


1) Tudo sobre minha mãe
2) Uma rua chamada pecado
3) Bastardos inglórios
4) O que terá acontecido a Baby Jane
5) Ligações perigosas
6) Taxi Driver
7) Piaf – um hino ao amor
8) O poderoso chefão – parte 2
9) Festim diabólico
10) Romance

Melhores músicas descobertas em 2009:

1) Homem velho – Caetano Veloso  (poesia)
2) Brand new start – Little joy (e mais várias outras músicas da banda mais delicinha do ano)
3) I got life – Hair  (libera geral, libera geral, então, libera - era esse o sentimento)
4) Vaca Profana – Caetano Veloso
5) Mardy Bum – Arctic Monkeys
6) Days of wine and roses – Dean Martin (meu lado anos 30)
7) Sonhos – peninha (redescoberta - essa música é triste, me fazia chorar sempre, mas, é linda)
8) Perhaps, Perhaps, Perhaps - Cake (Ótima para dançar)
9) One – Chorus Line Soundtrack (haha)
10) Sway – Heartless bastard
Melhores livros:

1) O apanhador no campo de centeio (MARAVILHOSO, li 3 vezes em 1 semana)
2) Alta fidelidade (outro maravilhoso do Niiick Hornby - tanto nesse como no "Apanhador...", me identifiquei com os protagonistas, devo ser a versão feminina deles)
3) A falecida (foda, tipo foda)
4) Conversas com Woody Allen (enfim, amo mesmo)
5) Um bonde chamado desejo (personagens riquissimos, história envolvente)
6) Confissões de um ator – Laurence Olivier (aula de vida principalmente)
7) Laços de família (é um livro de crônicas da Clarisse Lispector, é muito bom, mas, daquele jeito complicado de ler e entender de primeira... É bom para ler devagarinho)
8) Valsa nº 6 (é assustadoramente envolvente, maravilhoso, triste)
9) Juliet, Naked (incompleto, mas, é Nick Hornby, ou seja, foda)
10) O encontro marcado (um dos poucos livros que o colégio mandou ler que eu curti demais, o livro é gostoso de ler e o personagem deve ser taurino com ascendente em leão.)


Melhores peças:

1) Zoológico de vidro (Atores brilhantes, iluminação linda, texto que te envolve de maneira que você sai da peça meio estranho, emocionado e intrigado, direção muito boa também )
2) Despertar da primavera (Amei essa peça mesmo - é muito atual! Não conheço o texto sem ser do musical, mas, eu acho que as músicas combinam muito com o que aqueles personagens tem para falar e são músicas muito boas. Além disso, o elenco é bom, tem harmonia. A iluminação é linda...)
3) Avenida Q (Ótimo elenco, ótimas versões das músicas, lindo cenário... E energia boa contagiante)
4) Valentin (descobri nesse ano, vi várias vezes e adoro.)
5) Hamlet (Eu gostei da peça. Mas, não foi o Uau que eu esperava)
6) Cine-teatro limite (Pantooolfo excelente como sempre, aliás, atores muito bons em cena. Boa peça)
7) Cacilda (Primeira peça que vi do Zé Celso! Mesmo com 6/7 horas de espetáculo, a peça é boa)

De melhor mesmo, foi isso. (Devia ter visto mais peças, admito)

domingo, dezembro 13, 2009

Bis de alma.

Boas almas insanas, sujeitadas ao desapego do seu leve ser.
Belas almas que dançam dentro, fora, entre, e por. Aonde dá, aonde for.
Burras almas presas ao corpo, que o estranho rotulam louco. E do mundo se limitam ao pouco.

Bizzaras almas. Excêntricos jeitos. Sinônimos divergentes em cada canto.
Bestas almas repelem. Superiores? Em faltas de.
Bravas almas fazem história, suportam dor. Alma assim não sente, faz.

Benditas almas são as dos sábios, velhos cegos barbudos que tocam sax.
Bandidas almas. Amam.

terça-feira, novembro 24, 2009

Outra Carolina da janela




Como os ollhos de Carolina,
Eram os da menina
E, distraídos, não notaram
Que outros olhos atravessavam,
Procurando sua janela.
E brilhando fitados nela,
Não ouviram a buzina.
E se fecharam naquela esquina.



sexta-feira, novembro 13, 2009

Até o fim...

Nasceu, meio torto e meio chato, como a cabeça da mãe cearense. Pequeno planejava ir pro sul e repetiu em geografia. Não acompanhou a escola, mas, teve que acompanhar Maria aos 17. “Como assim ta prenha?”

Foram os três para Sampa ganhar a vida. Servente de motel, pagamento que mal da para quitar o aluguel. E nasce mais um, Gabriel, nome de anjo pra ver se tem sorte.

Maria vai trabalhar, só na cama mesmo pra se encontrar.
Trabalhando com obra, o dinheiro começa a dar, mas, não sobra. “Não dá por causa da bebida!” diz Maria. E ele poderia largar logo a bebidinha de cinco e dez com mais cinco ou dez colegas?

Na TV passava novela mostrando um pouco da sua terra e não conseguia controlar a saudade e a vontade momentânea de voltar. Que falta fazia seu povo, o passo mais lento e andar descalço na areia quente. “Se lá fosse só poesia, a gente não tinha saído.” pensava.
Todo dia tinha feijão e arroz na marmita, e, para que entre companheiros pudesse ser vaidoso, tinha também farofa de ovo. E na rotina, as piadas velhas repetidas e cantadas mal respondidas

Nasce a filha, Daiana como a princesa pra ver se vira rica. Trabalho dobra, a cervejinha também..
As novinhas pareciam querer provocar com o andar, faziam ele mesmo se envergonhar das coisas que não parava de pensar. E Maria aparentava mais velha, cansada. A amava ainda, Maria era o porto seguro, a lembrança presente do que era e do que ia ser. A força em que se apoiava ao sair do bar. Aquela que educava seus filhos.
E, talvez, fosse esse seu único objetivo agora, educar seus filhos. Não podia dar Barbie, nem vídeo game, mas dignidade. Sabia, no fundo, que para seus filhos isso pouco era. Mas, era melhor essa educação severa do que uma vida na miséria.

Estava envelhecendo. “Sem rendimento, sem pagamento. Fora!”. Pesadelo de realidade. O filho mais velho indo trabalhar. “Os outros vão continuar a estudar”.
Porteiro no Morumbi, como era longe! Chegava em casa tarde - antes o bar do Wilson - e como pedra dormia. Só continuava essa vida por ser cabra-orgulhoso, não sabia muito bem do que. Devia continuar. Era nordestino. Filho de Joana e José. Tinha alguns sonhos meio esquecidos. Apenas seguia a irrecusável e imutável proposta de vida.

O cabelo grisalho aparecia, só não arrancava porque sabia que mais sete nasciam. Danou-se, é vez de Ivete, a empregada do 207 tirar seu sono. Parou de beber, o cabelo pintou, até poema dum caminhoneiro amigo recitou. Ela fazia que bola não dava e toda hora para Paulo ligava. Paulo era um abestado e também bandido. Assobiou pra moça e caiu na poça todo batido. Maria dele cuidou, escondida chorava e na cozinha cantava as músicas que faziam com que suas lágrimas não pudessem parar.

Era agora avô, sua princesa Daiana não casou com nenhum bacana, mas, lhe deu a neta querida: Joana. “Em homenagem a mãezinha”.
Mesmo sem estudo se sentia muito sábio. Trabalhava menos e cuidava de passarinhos. Tinha cada vez mais gaiola e dava mais carinho. Maria, mesmo amargurada merecia. Mais netos, todos os santos reunidos para ceia com o vô.

sábado, novembro 07, 2009

Uns olhos

Simplesmente uma força incontrolável
não permitia que tirasse os olhos de você.
É coisa de olho, inefável.


E que olhos castanhos! Tão seus.
E, às vezes, senti serem tão meus.
Feitos para dizer tudo que eu precisava enxergar.
Será que são para só eu decifrar?


Mas, e agora? Aonde estão?
Estão por aí, escondidos num canto frio.
Dei muito de mim.
E esse pensamento vadio
Deixou-me de forma tão entregue.

Talvez seja esse o problema.
Aceito que você negue,
Pois tudo que é assim,
Pronto e dado, perde o poema.


Errei. Mas, perdôo me.
Com só uma certeza:
Passarei a olhar para mim agora.
Fazer ser uma nova beleza.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Dans mon ile

Dois perdidos numa ilha do pacifico.


Dois pacíficos numa ilha perdida.


Perdidos pacíficos numa ilha a dois.


Perdidos em uma ilha do pacifico.


Perdidos nus de uma ilha pacifica.


Pacífico de perdidos nus d’uma ilha.





(isso é uma merda qualquer fruto da falta do que fazer numa aula de física...Não sei porque to postando!)

Música linda de Henri Salvador!

Dans mon île

Ah comme on est bien
Dans mon île
On n'fait jamais rien
On se dore au soleil
Qui nous caresse
Et l'on paresse
Sans songer à demain
Dans mon île
Ah comme il fait doux
Bien tranquille
Près de ma doudou
Sous les grands cocotiers qui se balancent
En silence, nous rêvons de nous

Dans mon île
Un parfum d'amour
Se faufile
Dès la fin du jour
Elle accourt me tendant ses bras dociles
Douces et fragiles
Dans ses plus beaux atours
Ses yeux brillent
Et ses cheveux bruns
S'eparpillent
Sur le sable fin
Et nous jouons au jeu d'adam et eve
Jeu facile
Qu'ils nous ont appris
Car mon île c'est le paradis

quinta-feira, outubro 29, 2009

Passos na areia


Ela andava pela praia sem direção, segurava os sapatos e sentia a areia entrar pelos dedos. Respirava fundo o cheiro de mar. Se pegava testando as possibilidades de sensações. Cheirar a maresia, tocar na areia, cantar ao vento, olhar o céu, ouvir as ondas batendo. Até que o novo se tornou costume e seus pensamentos voltaram à aquilo que era difícil acostumar-se. A rejeição. Na verdade, era um tanto quanto dramático o termo, pois não havia sido rejeitada, houve apenas uma impossibilidade de realização. Ele nunca a havia maltratado, nunca havia dito algo que a machucasse e nunca a havia negado. Talvez, no fundo, ela que se rejeitava.


Estava ali na praia do Leblon, mas dentro dela os caminhos se confundiam. Tudo estava zoneado. Precisava se perder nos passos para se encontrar na vida? Besteira. Isso só acontece em poesia, em coisa bonita de ver. Ela nem era tão bonita assim. Chegava ser intragável conviver com ela mesma algumas vezes. Era uma mulher complicada, nunca seria verdadeiramente amada. Culpava-se por não o ter conseguido, desistia dele e de si.


Parou. Olhou o mar e lembrou-se da coca-cola. Ela só bebia suco de laranja e ele bebia coca no café da manhã, ele era mesmo uma coisa. Desafiava todo o lado que ela conhecia nela, ele destruiu todas as teses que tinha por si mesma. Ela não sabia mais nada. Sabia só que andava tendo uns modos confusos que não sabiam quando despertar, aonde começar, muito menos a hora de fluírem.


Ela mal sabia o que falar, todos os livros, filmes e músicas, todos os episódios do FRIENDS e tudo que sabia sobre o renascimento e iluminismo adiantavam pra que? Ansiedade e timidez a sabotavam de uma maneira tão cruel. E, mesmo assim, ele às vezes prestava atenção nos seus papos tão repetitivos e clichês.
Por que essa irônica crueldade? Poderia facilitar os processos sendo um bossal, mas, não era. E a dor inchava, dor doída mesmo.


Espiritualmente se sentia sozinha e tão cheia. Tão necessitada de gritar. Foi à beira do mar e gritou. Ficou menos pesada, mas, ainda guardava um bolo na garganta. Iemanjá não quis receber todo desabafo.
Lembrava dos fatos não vividos, daquela musica nunca cantada, daquele papo sobre as viagens que fariam, do andar de bicicleta domingo a tarde, dos chocantes beijos no meio da rua, dos apelidos bobos, das caretas ao acordarem...


Voltava do futuro imperfeito para um presente bem pior. Continuou seu caminho incerto, começou a cantar. Música, lágrima e o bolo iam sendo levados com o vento, nisso um pouco de si ressuscitava junto com o céu que clareava.


Não demorou, veio o sol. Sorriu. Voltou a se achar bela e a enxergar a poesia. Nada havia mudado, ela ainda era noite de lua cheia, mas acreditou que, quando não mais insistisse, sua luz voltaria e tudo poderia começar.

sábado, outubro 24, 2009

Pinga!

Pinga! Pinga! Pinga!
Maldita goteira.
Agonia! Agonia!
Palavra pra rima: Pia.
Maldita pia.

Pinga! Pinga! Pinga!
E os pingos caem
Pela casa saem.
Chegam ao quarto.
Meu quarto!

Loucura? Loucura!!
Maldita torneira.
Fecha porta, liga o som.
Ela continua.

Pinga! Pinga! Pinga!
Ainda resta o registro.
Arrasto-me lívida.
Roem-se meus nervos.

Tudo em vão.
Pinga! Pinga! Pinga!
Alguém sabe uma mandinga?
Não sinto e surto.

Espatifa-se uma bica.
E antes que aleluia diga.
O Chuá Chuá começa.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Taurina

Mesmo que na terra flor se plante, para mim, é um tanto quanto frustrante, a ter no meu mapa tão errante.


Elemento imóvel da minha natureza.


Terra que puxa sonhos e planos pro chão firme e que risca a palavra “arrisca” de seu vocábulo tão limitado e redondo. Elemento que tem muito a descobrir de si e se aflige, e tal como o planeta do universo “terremota” quando algo, um meteoro talvez, o atinge. Nela, se muitas vezes um fruto planta, enjoa e desencanta. Desespera-se e busca logo outro. E se o destino novo não der certo, não por azar, vira deserto.


Terra que acaba por conservar, proteger, cuidar de um solo dentro de mim que se vicia em deixar brotar tudo aquilo que sabe que bom fruto virará. E insiste em encontrar a harmonia, mas nunca há harmonia o bastante para satisfazer.


Não é de todo um caso perdido. Só faço ao universo-guia um pedido, me faça desgarrar desse campo contido e no ar me deixar encontrar aquilo que pousado não consigo.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Da janela minha:

Da janela do 11º andar num prédio da Oswaldo cruz, encontro o êxtase mais suave, a liberdade de ser e olhar. Nos cantos dos olhos tem a baía. O mar. Mergulho de longe, a ansiedade passou. É festa, é onda.

Em baixo da sacada: o verde. Privilégio de ver as árvores de cima. Ouço Vininha querendo cheiro de amor da morena-flor. - Ah, como queria um cheiro do moreno! - Por enquanto, contento-me com o cheiro de verde.

Agradeço aos céus de braços abertos pro universo e a delicadeza azul-clara se joga na alma minha. Como as pessoas na rua se esquecem de olhar o céu? Coitadas...

E diante da orquestra que renasce em mim, canto: Sem você o que ia ser de mim
Eu ia ficar tão triste. Tudo ia ser tão ruim”

sexta-feira, outubro 09, 2009

Praça Saens Peña

Hoje em pleno momento de fobia social no meio da praça Saens Peña, me dei conta do quanto gente me irrita às vezes. Principalmente quando estão em massa.

Eu sou uma pessoa do bem. Juro. Mesmo assim, se eu andasse armada, não confiaria.

Começou com o papo de vizinha fofoqueira da mulher que sentou do meu lado no ônibus. - O 410 tem sina de só pegar figuras bizarras – eu entrei por acidente, sou completamente 409. – A tal mulher contou tanta desgraça que o Jornal Nacional deveria contratá-la. Programa da Márcia (não que eu veja!!) é cosquinha perto das coisas que ela falava. Daria IBOPE até para a Band.

O motorista do ônibus era um daqueles que gritavam e cuspiam para fora da janela e – de sacanagem – não deixou um cara aleijado entrar. Quase saltei do ônibus, percebi que me encontrava no Catumbi e não estava afim de apreciar o cemitério.

Sai do ônibus com uma cara de Hitler errustido. Comecei a praticar um mantra interno, a pensar na Julie Andrews cantando “a few of my favorite things”. Pouco adiantou. Estava na Saens Peña e nem se Gandhi baixasse em mim, eu ficaria bem.

Quando, de sem querer, esbarrei numa senhora, ela fez a questão de jogar com o olhar toda sua frustração por não fazer sexo desde 1951.

Fui cantada por um camelô, que em resposta ao “princeesa” recebeu o meu mais potente olhar metralhador e - como o inferno não é o limite - retrucou com um “relaxa, nein”. Senti minhas veias ficarem altas. Dançando sapateado para desviar dos outros vendedores ambulantes, continuei no (árduo) caminho até meu lar (doce lar).

Como era atalho para minha rua, passei pela galeria das “Casas Bahia”. Devo ser mazoquista. Um cara berrando as promoções IMPERDÍVEIS – essa palavra ainda ecoa na minha cabeça - , uns coitados econômicos e a reunião de todos os asilos da América Latina estavam ali. DETESTO as Casas Bahia.

Na rua, ícones que davam vontade de surtar me perseguiam. Era uma conspiração. Os semi-aleijados que trancavam a rua, me fazendo perseguir canelas freneticamente. A garota de top e shortinho que era modelo de celulite “casca de laranja” e de banhas saltitantes desfilando. E aquela multidão de caras ranzinzas. Bateu uma overdose de vontade de socar um.

E o mendigo da minha rua – que até gosto por conhecê-lo desde que nasci – me seguiu até o fim da saga cantando pagode.

Casa! Minha casa. Comida de ante-ontem na geladeira. Minha mãe de TPM. Quarto bagunçado. Internet lenta. Comecei a rir. Meu sistema psicótico começou a fluir. Comecei a perseguir as formiguinhas da mesa e a ouvir Wagner.

Talvez, Woody me entenderia. Juro que preciso entrar na Ioga! Agora vou tomar um Rivotril.

segunda-feira, outubro 05, 2009

LUA


Bela dama que pelo negro céu sua presença esparrama

Sensata guia dos aspirantes – incuráveis românticos – a amantes.

Reflete na baía e contrasta na noite imensa que cai o dia.

Astro iluminado que inspira poetas luminosos que lhe louvam talvez, por não estar na mesma forma toda vez – porque sendo uma lua esperta sabes que sendo igual à ninguém desperta.

Cheia para uivar o lobo, ou então, o irmão de sete irmãs que por azar nasceu moço. Cheia para aos apaixonados atentar e para o cabelo da nêga evitar.

Confiante, pois mesmo em dia de sol deslumbrante, não esconde de nós seu semblante. E continua no céu a ilustrar.

Protegida por São Jorge e protetora dos devotos (e simpatizantes) do santo. E para tristes almas empresta seu manto e, dessa forma, a cor da esperança já é branco.


quarta-feira, setembro 30, 2009

Abandono

É hora de olhar o céu.

E bravamente seguir,

Jogada, sem rumo, indo ao léu.

É mesmo para insistir!

Ser, talvez, consigo cruel

E mesmo assim sorrir.

Transformar o azedo em mel.

E, por ai, sair.

É hora de largar tudo.

Se despir.

Tirar o luto.

De repente, de novo, abrir.

Reencontrar seu mundo

Ainda há o que descobrir.

Então vá, sem pressa.

E não pense em mentir.

A consciência pesa.

E assim, sim, fica sem ter aonde ir.

domingo, setembro 27, 2009

Igor.

Jaqueta jeans, calça jeans e alguma blusa social colorida. All Star e um boné. Óculos comum de grau baixo. Igor. Piadas originais, tiradas perfeitas e falas decoradas com êxito ao espelho, desperdiçadas pela sua timidez. Igor. Arctic Monkeys e Cake embaixo da escadinha do colégio com sua única amiga Nina. Descoberta de REM e Franz Ferdinand ali em baixo também. Igor. Primeiro beijo aos 15 anos e primeira briga séria com os pais. Primeira declaração de amor e primeira decepção causada em alguém – Nina. Igor. A insistência de falar aquilo que sabe idiota falar, apenas para não se manter quieto. Precisava mostrar que gostaria de ser querido – sem deixar isso muito na cara. Igor. Ideais que orgulhavam seus pais e legião urbana como banda-chefe. Competição de quem sabia mais sobre rock o fez ficar mais popular, aprendeu tocar “Mardy Bum” para Nina e não sabia se gostaria de mostrar. Igor. O medo de alguém gostar dele e por isso, ter que se manter ao nível desse gostar. E se não conseguisse? Decepções não estariam incluídas no seu estoque de autoconfiança. Igor. Defensor intransigente de suas certezas, por serem tão poucas e tão suas. Modesto por falta de opção e sabia que era bem mais que um avoado do colégio e tinha muito o que oferecer, só faltavam pessoas. Igor. Nina. Igor. Madura criança. Erros propositais para não deixar a vida “em branco”. Respeitador de seus limites. Voz forçada de Renato Russo. Defensor da bebida e contra chicletes. Igor.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Nua

Nua comigo mesma evito confusões mal explicadas, tendenciosas entre as pessoas.
Nua com meus projetos, tão livre em criar sem se envergonhar.
Nua e sem enfeites para moldar o feio, sem enfeites para estragar o bonito.
Nua de preconceitos e caretices que levam só a auto-exclusão.
Nua com a minha solidão momentânea, quietude necessária para fluir na multidão depois.

Nua com minha arte e tão pronta pra por ela continuar, arte que me faz ficar despida de censuras e timidez. Nua e aceitando todas as imperfeições do corpo e do espírito,
renovando assim energias para enfatizar as luzes que tenho.
Nua para sentir melhor o toque na pele e arrepios, sensações.
Nua e tesa.
Nua e acúmulo de dúvidas. Nua e sábia.
Nua pra cheia lua.
Nua. Nova.

domingo, setembro 20, 2009

Amores de metrô.

Olho no olho despercebido e acidental. Você desvia e, sem pensar, volta a olhar, fixam-se ali duas iris como se o neon do vagão fosse naquele ponto. Bate um nervoso e uma falta do saber o que fazer. Olhares desviam-se de novo, procurando algum outro ponto fixo, se sentindo a qualquer movimento ser observado e começa a ser bem mais cauteloso em suas maneiras. Nenhum ponto lhe prende e uma quase necessidade te faz buscar de novo aquele olho. Dessa vez o olhar vem com uma vontade de trocar algumas palavras antes que a sua estação chegue e, merda, ela está chegando... Só que, sem planejar, a outra estação chega, cabem ao momento uma intenção subentendida de “foi bom e até um raro futuro” e adeus, o seu romance sobre trilhos acaba.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Na beira do abismo...

Hugo – Garota, ei, você mesmo. Faz isso não, você é tão bonita, cara... Eu só to aqui porque to fudido mesmo.

Tina – O que? Fica na sua ou se joga logo. Me deixa quieta, chorar um pouco mais antes de ir...

Hugo – ir pra onde, cara? Você acredita em céu, nessas paradas?

Tina – Não. Deus me livre de viver eternamente...

Hugo – Deus? Engraçado, né? Deus. Esse daí me esqueceu, me jogou nesse inferno e ficou lá comendo pipoca assistindo os tombos da minha merda de vida. Virei ateu agora! Dizem que quem se mata não via pro céu mesmo... Então, foda-se.

Tina – Do que você ta falando? Deus é uma invenção lucrativa. Foda-se mesmo. Ninguém vai saber que você ateu se você se matar, sai dessa, conta pros seus amiguinhos que você na beira do precipício, se deu conta que Deus não existe e agora ta afim de cumprir toda lista de pecados antes de morrer... Vai lá, me deixa aqui, vai!

Hugo – garota, larga de ser louca... O que você ta fazendo?

Tina- O mesmo que você.

Hugo – Mas, eu não vou mais. Por um momento...

Tina – Se lembrou de que era um viadinho...

Hugo – Não. Sei lá, me deu um medo...
Tina – Eu também...

Hugo – Desiste vai. Eu te pago um café, a gente conversa...

Tina – E depois?

Hugo – Sei lá.

Tina – Pois é...

Hugo – Pois é...

Tina – Só conversa?

Hugo – é... Se você topar, a gente pode andar no calçadão...

Tina – E depois?

Hugo – Bebida, uns beijos... Caralho, porque eu queria me matar? Sexo! Sexo! Sexo, eu e você.

Tina – Me dá a mão, então?

Hugo – Me dá você. (ri) Sem trocadilhos.

Tina – Ai, não... (ri) Segura.

Ele desequilibra e os dois caem juntos.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Sobrados da Lapa

E você começa a gostar de sobrados e fachadas. Fachadas do centro principalmente. Porque foi esse o primeiro assunto que vocês tiveram, lembra? Você antes nem se ligava muito nisso e agora é olhar uma fachada, um sobrado charmosinho la perto da Lapa, que pronto! Pronto! Aparece a imagem de vocês dois conversando com uma latinha de cerveja na mão e ao fundo... Jorge Ben Jor? Deve ter sido... naquele dia vocês só falaram, beijaram 2 longos beijos e se lembraram disso no dia seguinte. Bateu de novo a vontade de ficarem juntos e vocês lembram que esqueceram de trocar telefone. Mas, NOME sim, cara, que bom que inventaram o Orkut. Giulia com G. Henrique. Sobrenome? Aii, merda. O que ela deve gostar? Será que ele esta na comunidade “Eu amo a Lapa”?

Se acharam, marcam um encontro. Embaixo daquela fachada. Quem começou a gostar de fachada primeiro, nem sei e to indo lá. Atrás daquela nossa fachada mais um vez.

domingo, setembro 06, 2009

Virgínia e eu

-Pra que a gente aprende isso? Não vai adiantar nada, daqui a 3 meses eu terei esquecido tudo! – eu falei, na esperança de puxar algum assunto com ela. Ela no caso, e parece que na hora eu havia apagado da memória esse fato, é a Virginia, CDF, certinha, meiga, futura amiga de Bill Gates e fodões do gênero.
-Pra você pode ser inútil, talvez para mais alguns, mas, imagina quem quer fazer biomédicas ou engenharia, é importante.
Depois dessa, eu deveria ter me mantido calada, prestando atenção nos exercícios de “Ligações iônicas”, mas insisti:
- é, eu sei... Por isso o Ensino daqui deveria ser igual lá fora, você escolhe o ramo que quer investir e aprende mais sobre aquilo.
-Eu não concordo com isso. Imagina! Os jovens de hoje em dia (me deu um medo profundo nessa hora) não sabem escolher direito o que querem, já pensou se você estuda para ser de humanas e resolve ser médico no meio do caminho, e ai? E além do mais, é bom que seja misturado para que haja uma interação entre diferentes tipos de pensamentos e destaques, assim, um pode ajudar o outro...
Achei que tivesse algum coordenador atrás de mim, para ela falar aquilo. Não tinha. Então, pra que ela fala dessa forma? Outra pessoa falaria algo como: “É! O Ensino do Brasil é todo errado, vamos nas ruas lutar pela mudança dessa bosta que nos obriga a decorar esquizofrenias químicas e vomitantes leis matemáticas! Urra!” – ta, talvez eu e mais 3 perdidos falassem isso, mas, ninguém a não ser Virginia responderia daquela forma.

Uma vez, quando a gente estava conversando sobre o-que-eu-vou-fazer-da-minha-vida, e eu falei que queria seguir na carreira ligada ao teatro, os olhos de Virginia conseguiram destruir a minha postura de ser-feliz-e-só-tudo-bem e me transformaram na maior vagaba do colégio que só pensa em maconha, suruba e um novo movimento hippie. Ela respondeu que queria ser juíza. Na tentativa de diminuir a minha culpa no céu, falei que eu tinha um plano B – “talvez história, jornalismo, quem sabe letras ou Relações Internacionais. Só tenho certeza de que nunca farei nada que acabe em hospitais ou repartições públicas, He he” e fiz uma cara irônica, tipo “funcionário público sucks”. E ela me perguntou o que eu tinha contra concursos públicos e uma garantia de um futuro bacana, seguro.

Nada contra, Vir. Nada. Só acho uma bosta esse tipo de emprego. Nunca seria feliz, suícidio antes dos 40 e teria, provavelmente, uma overdose de café. A bem-sucedida aqui é você, a minha parte é ir contra o sistema.

quarta-feira, setembro 02, 2009

E ela.

Só precisa de alguém que a olhe através de seus olhos tristes, ela que é tão forte em traços e postura e tão frágil. Uma boneca, talvez. Mesmo preferindo ser comparada a Catarina, a Megera domada. Mesmo querendo ser ao contrário do que é. E mesmo que ridicularize a frase “O amor é cego”, ama cegamente. E ama quem não a ama, sofre pelo o que não existe e ri do seu primeiro sofrimento por amor. É o universo de contradições em pessoa. Jurava ser blasé e objetiva e descobriu, de repente, uma impulsividade, vontade de apenas viver pela paixão...Entre outros desencontros dentro si. Mesmo assim, repito, ela só precisa de alguém que a enxergue atrás de toda banca.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Chega disso

Palavras, palavras, palavras... blablabla. Escrever como descarga de sentimentos, pensamentos, tesões, ideologias... E ai? E ação, fatos e vida, meu amor? Cadê? Cadê? Amores lindos, paisagens estonteantes, sabores únicos, tudo maravilha. E puro papel. No fundo, sabes que nunca viveu nem a metade do que passa para os outros. Frases sabidissimas de teorias nunca provadas.
Sai desse computador, desse quarto, dessa casa, desse bairro... Anda na praia, olha o Cristo, olha em volta... O Rio continua sendo, né? Vem pra cá depois, eu posso até encontrar você em algum canto. Daí, escreva em mim aquilo que você insiste que almas carentes leiam.

terça-feira, agosto 25, 2009

De manhã

Passei várias noites seguidas em claro e, sem querer, vi que nem sempre o dia amanhece com o sol. Mas, dias sempre seguem a rotina do movimento de rotação e acontecem, e tudo acontece. Até o sol é substituível, então?
Não.
Mesmo as manhãs nubladas com seu ar meio “noir” não serem feias, e terem até um tom Bergman maneirinho. Manhãs com o céu de cores inomináveis e lembrando Almodóvar são sempre mais marcantes.

sábado, agosto 22, 2009

RAUL!

Ah, esse maluco belê!!


Delícia!

quarta-feira, agosto 19, 2009

Encontro de travessa

Semana passada, estava de bobeira em Ipanema e resolvi dar uma passada na Travessa. Estava fazendo a minha listinha de “5 DVDs e livros para comprar quando a grana entrar”, quando vi sentado na poltroninha, lendo as primeiras páginas do livro novo do Nick Hornby – digo isso, porque reparei primeiro no livro – o meu ex. Um dos meus ‘exes’. Me bateu uma vontade de tampar a cara com um livro e sair de perto de fininho e eu fiz isso, só que eu lembrei que estava bonita naquele dia e resolvi ir lá me exibir, mostrar como eu estava bem (mesmo com mais de 30) e saber com ele estava levando a vida. Ele tomou um susto quando me viu, falamos umas coisas meio decoradas e quando eu estava pronta para sair, uma música que eu adorava começou a tocar baixinho. Ele se lembrou da música, achei demais ele se lembrar! O climão passou e fomos tomar um café. Naquele clima bem Travessa de Ipanema à tarde, conversamos sobre Norah Jones, a música brasileira hoje, Lula, a mãe dele, minha mãe, cinema italiano e finalmente, rimos contando os rumos que as nossas vidas tomaram. E chegou a hora de dizer tchau. Demos dois beijinhos, saímos da loja juntos e ele resolveu entrar de novo porque lembrou-se que ia comprar aquele livro. Lembramos que havíamos lido juntos o nosso primeiro livro de Hornby, meus olhos cismaram em se encher d’água e os dele responderam. Um abraço, outros dois beijinhos, tchau e no ar ficou a possibilidade de um dia nos esbarrarmos de novo, ou não.

sábado, agosto 15, 2009

Pares

Rosa brigou com Julio, e possuída de ódio saiu de casa. André enjoado de Gabriele lhe deu um beijo na testa, falou que ia na farmácia e seguiu sem rumo só com a certeza de que não voltaria para lá. Pedro não agüentava mais estudar pro vestibular e saiu para beber alguma coisa mesmo que sozinho. Diego queria fazer alguma coisinha depois do cinema com Carla, mas, ela preferiu ir para casa, ele preferiu lembrar como era a noite sem a namorada. Só que Carla o seguiu. Luciana brigou com os pais, foi expulsa de casa com apenas uns trocados na carteira.
Quatro acabaram na Lapa.
Rosa, meio alterada com uma latinha de cerveja na mão, esbarrou em Diego, que se encantou com a menina. Ela percebeu e o beijou com um braço em volta da cintura e uma mão segurando seu pescoço. Enquanto isso, Pedro conversava com Luciana sobre a economia dos Tigres Asiáticos e Luciana, que tinha fumado um, estava toda entretida na conversa do rapaz. Ele acabou a chamando para dividir um AP, afirmando nunca ter feito algo tão impulsivo. E Carla, no caminho para encontrar Diego quase atropelou André, que acabou torcendo o pé e os dois passaram a noite conversando no hospital sobre Jimi Hendrix e cinema alemão. Foi quando tocou “Dancing in the moonlight” e todos viram que as coisas sempre acabam bem na sexta à noite.

terça-feira, agosto 11, 2009

Body and Soul

A mulher que se esconde por trás das fumaças do cigarro, sabe que pode ter qualquer homem. Ilude-os com falsos olhares, tem a todos na mão e, mesmo assim, suspira com sarcasmo ao pensar na sua situação. Sabe que seu corpo e alma são daquele que finge não percebê-la e que a faz esperar.
Ela aproveita o tempo para emprestar seu corpo pro divertimento de outros e assim não se lembra da alma – que mesmo partida, ela sabe que não pode emprestar, nem dividir.

quinta-feira, agosto 06, 2009

Gepeto

Gepeto morreu. George Pontes, meu primeiro namorado, conhecido também por GP pelos amigos morreu. Soube da notícia ontem ao falar com uma velha amiga, ele faleceu de ataque no coração. Ironico, pois Gepeto já destruiu muitos corações por aí. Prefiro pensar que morreu porque amou demais! Todas as suas mulheres... Inclusive eu. Talvez seja um consolo pensar isso, que ele me amou. Afinal, dentre tantas mulheres que passaram pela vida dele... Espero que sim. Porque nunca, por ninguém, sofri tanto de amor do que por Gepeto.

Nossa história começou assim: Eu morava na mesma vila que ele e quando beirava meus 10 anos – e ele também – descobri que eu estava gostando dele, depois de cantarmos “Carinhoso” do Pixinguinha juntos. Guardei isso para mim e vivi uma paixão platônica até meus 15 anos. Ele havia passado dois anos com os pais em Minas e voltou pra vila nessa época. Ele tinha mudado, tinha ganhado mais corpo, ficado mais vaidoso, mais forte. Eu também estava mais bonita, quem sabe, atraente. Percebi que não era só eu que estava gostando dele, o sentimento era recíproco. Ah, e como foi boa a época dos flertes, da mão sobre mão, do riso para dentro quando nos olhávamos e das mordidinhas no lábio quando o assunto acabava. Começamos a namorar – escondidos de nossos amigos da vila, que não iriam se controlar nas chacotas e comentários. Assumimos depois, e o nosso namoro foi ótimo no começo. E ele ficava mais bonito a cada dia. E esse foi o verdadeiro problema. Sua confiança em si virou a ponte para se exibir para as meninas... Com o tempo, fiquei cansada de ser apenas a acompanhante dele. E o larguei.

Apareceu Vicente, da turma da vila, o qual eu nunca havia reparado e disse que era apaixonado por mim. Nos casamos, tivemos filhos, construímos a nossa família e com o tempo aprendi a amar Vicente. ... Mas, as lembranças com Gepeto sempre causavam um estalo no meu coração. Porém, nunca mais retomamos o contato. Às vezes o via com uma moça, outras vezes com outra. Ficou mais velho e continuou com várias mulheres. Pode ser apenas um palpite de uma senhora tola, mas, acho que é esse o porquê de eu achar que fui amada por ele, depois de mim, ele não se fixou à ninguém...

Minha amiga também disse que no velório só tinha alguns velhos amigos. Nenhuma mulher. Por isso, amanhã lá vou eu deixar flores para ele. Meu Gepeto.

sexta-feira, julho 31, 2009

As modas da menina

Pela falta de modos, com medo das próprias maneiras, a menina modificou-se e criou moldes de modos. Já que não conseguia mais encarar o seu modo, então moldou o seu mundo na busca da sua nova moda. Um mundo meio mudo e pouco imundo.

Não, não é esse o caminho, nem o modo que queria modelar!

Então, ela, modesta, ainda procura o seu mundo, fazendo aos poucos do seu modo e “modando” agora de tudo um pouco para que uma nova moda possa criar para sua maneira de "mundar".

terça-feira, julho 28, 2009

És um dos deuses mais lindos.

Tempo, tempo, tempo. Meu avô diz que o dele era melhor que o meu. Mas, se não fosse pelo tempo ter passado ele não saberia que poderia ter aproveitado mais o tempo de sua infância. Foi o tempo que o transformou nesse grande homem que é e ele ainda reclama do tempo que gastou trabalhando tanto. Meu avô, seu Zé, sempre que pode, lembra comigo dos cheiros de verão que marcaram a vida dele. E que se não fosse pela sabedoria do tempo, ele poderia deixar isso passar despercebido.

Tempo, tempo, tempo. É tudo que quero. Porque quero construir as histórias que meus netos ouvirão. Porque quero me jogar nessa vida boa, ou que pelo menos, nesse instante tá boa. - eu também tenho tempo ruim – E eu quero olhar para trás e dizer que lembro ainda dos cheiros marcantes. Quero tempo para cheiros me marcarem então.

Tempo, tempo, tempo. Não me deixe ressecar com os ventos da vida. Que eu aprenda a curtir parte da minha geração com você e, por favor, me ensine a ser menos ansiosa e parar de dar tanta importância no que nada me acrescenta . Tempo, tempo, tempo. Tempo que deixa suas marcas aos poucos nos rostos dos velhos. E em suas almas também. E em nossas almas e rostos também. Faça com que as marcas sejam variadas para provar que fui uma pessoa que experimentou variados modos de expressão.

Tempo que é construtor de saudades eternas – ou não. Tempo que acalma os corações apaixonados e que se mostra assim, sempre disposto a desafiar as relações. Tempo que faz com que uns virem pedra e outros ar, me mantenha na terra, tá bem? Pode ser na água, para acalmar e ser imprevisivel, porque eu não quero me secar para boas surpresas.

Tempo, tempo, tempo. Bom ou mau? Angustiante ou pluma? O que for, que eu saiba usa-lo para, quando eu não o tiver mais, que meu tempo seja lembrado por outros.

(Caetano e suas letras de gênio e poeta que me inspiraram)

domingo, julho 26, 2009

Na linha.

Depois de uma musiquinha irritante, ela atendeu:


A- Atendente Carla falando. No que posso ajudar?

O – Boa noite, é...

A – Boa noite, senhor! Você conhece as novas promoções da nossa loja, senhor?

O – Não, minha filha, mas...

A – Então senhor, a “Loja Seuconforto” está com uma promoção incrível de DVDs e televisores com 40% de desconto em todo setor, e além disso...

O – Minha filha, a loja de vocês oferece mesmo conforto, não é mesm...

A – claro, senhor. Temos sofás novos com estampa ou lisos a partir...

O – Não, meu doce, não to falando disso, eu liguei para algumas pessoas, mas... Tentei o número daí, foi o que mais me agradou na geladeira. Há há! Sabe, eu to aprendendo a mexer no computador agora pra me interar, né mesmo, das coisas novas. Eu comecei sozinho e agora to até no Orkut...

A – Nós temos telas de computador de plasma que podemos dividir em até 24 par...

O – Até aprendi outro dia a mexer no negócio de e-mail, o ôtluc, é bem mais prático mesmo, a minha filha vem aqui de vez em quando e disse que eu to sabendo quase como ela. E eu aprendi sozinho, sozinho em apenas 1 ano e alguns meses, 4 se não me engano. Agora que eu to pegando o jeito de usar o teclado, to ainda escrevendo devagar, mas como ia dizendo, agora que eu to pegando o jeito to querendo escrever um livro. (pausa)

A – Ér, senhor, já que o senhor não diz o que o senhor deseja comprar, eu posso te mandar po...

O – A minha filha sempre me motivou muito a escrever. Há, mas eu sou um velho preguiçoso. Essa coisa de internet é muito útil, tem um mundo dentro dela, só ir no goog. É assim que se fala? Goog?

A – Eu posso te mandar por e-mail as promoções da nossa loj...

O – O goog tem tudo. É ótimo para fazer pesquisas, não precisa nem levantar, só escrever o que você quer. Fica bem mais fácil mesmo escrever um livro desse jeito. Eu to até vendo o filho do vizinho para ele me ajudar a botar a televisão aqui na salinha também, por que...

A – Senhor, entre em contato conosco quando tiver certeza do que quer comprar ou mande-nos um e-mail que nós estaremos respondendo em cerca de 12 horas. Agora, eu vou ter que liberar a li...

O – Porque eu quero simplicidade, nessa idade comodidade é a palavra. Minha filha diz que eu deveria praticar um esporte, caminhar de manhã, ir na piscina do prédio, isso tudo é bom, mas, não pode virar rotina porque cansa. E estar cansado é estado fixo, háhá, nessa idade. Forçar mais vai dar estrago. Eu tinha vontade é de ter um bicho, cachorro não porque é muito barulhento, gato é traiçoeiro demais, talvez um peixe...

A – Tu. Tu. Tu

(alguns minutos se passaram)

E – Bibi sucos, boa tarde. Atendente Marco. O que o cliente deseja?

O – Boa tarde, meu filho. É que eu estou escrevendo um livro sobre...

quinta-feira, julho 23, 2009

Incoerencia

Vi um cara com a camisa do Che Guevara bebendo coca-cola.




Ótimo.

terça-feira, julho 21, 2009

Terezinha

O primeiro me chegou como quem vem do florista. Vi a pessoa fofa que ele era. Gostos parecidos, humor parecido, jeito parecido... Começamos a ficar amigos e nos beijamos. A doçura dele me encantava! Perfeito é o que ele era. O cara ideal e ainda era lindo. Mas, era tão certo que começou a enjoar. Aquela velha frase citada por Woody Allen (que é de Grouxo Marx) começou a se refletir em mim. "Eu não freqüento clubes que me aceitem como sócio." Pois é, bom demais, mas eu sou complicada, talvez, neurótica... Desculpe. Tchau. Quem sabe um dia?

O segundo me chegou como quem chega do bar. Sempre tive uma atração enorme por ele e o cara nunca tinha me notado, era mais uma. Até que um dia eu tava sozinha num bar, ele chegou, nós bebemos e ele fez tudo o que eu sempre desejei. Era coisa de corpo. Corpo, somente isso. Não tínhamos nada a compartilhar, a adicionar... Só a gastar, se consumir. Fugi dele. Nunca mais, nunca mais!!

O terceiro me chegou como quem veio do nada. Quando eu cheguei ele já estava lá. A gente nem se olhava direito. E quando, pela primeira vez eu enxerguei ele. Tudo em volta tornou-se figuração, tudo em volta me lembrava ele, tudo em volta me incomodava e tudo era motivo para um sorriso se fixar no meu rosto. A primeira conversa foi algo como: “você gosta de Chico?”. Depois, aos poucos, outras conversas, mais olhares, alguns sorrisinhos nervosos... nunca nos beijamos. Só toquei na sua mão. E é ele que ocupa, por acaso, o meu coração.

sábado, julho 18, 2009

ZZZZZ? AAAA, não!

Dormir sempre foi uma etapa chata da vida para mim, sempre tentei adiá-la, mas, corporalmente, espiritualmente e humanamente preciso de umas horas de descanso.
Mas essa necessidade me incomoda desde pequena, sempre quis ser parte de tudo o que acontece, nunca quis perder nenhum instante do que estava acontecendo ao redor da minha vida.
As minhas primeiras tentativas de diminuir o tempo de sono foram feitas quando era criança. Minha avó me botava para dormir às nove e ficava cantando fazendo hora até que a criança elétrica pegasse no sono, acabei negociando com a minha avó a possibilidade de assistir TV antes de dormir, para o azar dela, ela deixou: “só meia horinha, que aí eu desligo”. Eu queria ver novela, mas, ela preferia que eu visse desenho. E por meses, de 9 à 9:30 da noite, eu ficava assistindo “Os Thornberrys” – desenho de uma família de viajantes e suas aventuras, muito bom (!!!). A minha negociação com a minha avó teve que aumentar depois de um tempo porque outro vício havia começado “Kenan e Kel” - cara, isso era muito bom quando eu era criança - que passava de 9:30 à 10:15. Na verdade a combinação era de “Turn off the TV at 10”, mas, que diferença tinha entre 10 e 10:15. Nenhuma, certo?
Até que um dia, a sessão pré-dormir se prolongou mais. E eu consegui ficar acordada até a hora da minha mãe chegar do trabalho – ela chegava quase às 11 em casa. E aquilo era muito confortante para mim, dormir depois de ouvir os passos de uma bota barulhenta, e saber que minha mãe já estava na casa. Ai sim, pronto! Dormia, então, como um anjo. Minha mãe nem precisava abrir a porta do quarto, dormia antes disso. Às vezes, conseguia vencer um pouco mais um sono e ouvia “minha ziguinha – meu apelido, ok. - ta dormindo, já?” e recebia um beijo. Então, o sinal de dormir foi ficando cada vez mais tarde.

Uma época, fui um desafio para Agelice – minha avó de coração- porque eu era a única criança que dava trabalho para ir dormir no sítio. Lembro das broncas que recebia. Mas, dormir era uma tortura para mim, principalmente com barulho de bicho.

Dormir, dormir, perder tempo, dormir... Saco! Até hoje, tenho uma repulsa a isso. Repulsa e vontade enorme ao mesmo tempo. Porque quando acordo cedo para ir pro colégio, preferia ficar dormindo. Chego do colégio, quero dormir. Volto do teatro, penso em descansar antes do banho. E depois do banho digo “hoje eu vou dormir mais cedo” e na verdade, vou pro computador. Perco a hora, e só durmo após meia noite. E no dia seguinte acordo querendo dormir... Ó, vida, ó céus!
Mas, a idéia de perder 1/3 da vida dormindo, me angustia muito. Tenho sede de vida. Frase brega, “quote” de novela mexicana, mas, é verdade mesmo, tenho sede de vida.
Perder as diversões da noite ou o calor dia ou as possibilidades de uma madrugada ou a vida da tarde são escolhas dificílimas para mim.
Era essa a confissão, o desabafo. Continuarei dormindo pouco até meu corpo e mente permitirem. Quando não der mais... Nós sempre temos o domingo!

quinta-feira, julho 16, 2009

Sinto muito, Cléber.

Acordei às 7, tomei banho, tomei 2 xícaras de café e 2 pães torrados com manteiga, vesti a roupa, coloquei a gravata e fui pegar o meu jornal, até aí, o dia estava acontecendo como sempre acontece. Só que, quando abri a porta, o jornal não estava lá. Estranho. Coloquei meus sapatos e fui até a banca para ver o que tinha acontecido. Chegando lá, seu José Maria, o dono da banca, me pediu desculpas por não ter ido entregar o jornal. Eu falei que não tinha problema algum, mas, sem a intenção de longos papos, perguntei apenas o que havia acontecido, já que em dez anos o jornal nunca tinha deixado de ter sido entregue. E ele, com a voz um pouco embargada, me contou que seu ajudante – Cléber – havia morrido com um tiro. Na hora, tive a vontade de perguntar tintim por tintim do que havia acontecido, mas, me faltaram as palavras. Falei apenas um “sinto muito, seu José”, bati nas costas dele e segui para o carro.
No caminho para o trabalho a figura do rapaz não saia da minha cabeça. Um menino ainda, tinha uns 16, 17 anos, moreno, olhos castanhos meio apagados, cabelo raspado e magro. Não me lembrava completamente de seu rosto e senti uma culpa terrível. Deveria ter falado mais do que um “obrigado”, deveria ter dado mais gorjetas e ter lido com mais carinho os cartões que ele entregava na Páscoa e no Natal. Sei que é inútil ficar me punindo por coisas que agora não podem ser mais feitas, mas, fui um idiota, um burguesinho imbecil – para Cléber, eu era burguês, ou melhor, “gente fina da zona sul”.
Que vida injusta, que vida de merda; um garoto tão novo, com tanta coisa pra viver, e que quando estava vivo, tirava 5 minutos das suas manhãs para me trazer o jornal em troca de ocasionais gorjetas e uns trocados no final do mês. E eu, egoísta e seco, nem sequer reparei direito em seu rosto. Não me lembro de ter o visto sorrir, nem de ter sorrido com afeição para ele. A sensação de perda que se fixou dentro de mim foi aumentando e começou parecer que tinha perdido um filho. Ele havia sido fiel à mim todos esses anos, nunca me deixando sair de casa sem saber o que aconteceu. Eu deveria ter protegido, amparado, ensinado ele à fazer contas, ou pelo menos, ter falado algo que o fizesse rir. Fazendo-o rir, eu poderia ter sido o alívio dele nas manhãs, poderia o fazer pensar que a vida não é tão amarga. Mas, não fiz.
Derrotado cheguei ao trabalho, passei o dia pensando no garoto – que morava no morro e que possivelmente morreu com uma bala perdida, ou se envolvia com drogas e morreu por causa do tráfico, ou defendeu um amigo e tomou bala ou se matou com um tiro de uma arma roubada.
Cheguei em casa, vi o jornal na tevê,– não falaram nada de Cléber, que tristeza – jantei, beijei minha esposa e me deitei.
Na manhã seguinte, fiz tudo o que faço nas manhãs, e automaticamente, abri a porta para ver o jornal, e ele estava lá. Cléber já podia, então, descansar em paz.

terça-feira, julho 14, 2009

A espera.

Ele me prometeu que chegaria cedo. Falou que às dez estaria em casa, que jantaríamos juntos. Sua demora me incomodava, e, impaciente, esperava.
E como esperei. Parecia que os ponteiros do relógio não andavam enquando olhava para eles e quando deixava de olha-los: eles voavam. Tentei me distrair, liguei a tv, acendi um cigarro, ouvi umas músicas, mas, nada me prendia. Resolvi esperar quieta, porém, coisas que só percebemos na agonia do silêncio não me deixaram tranquilizar.
Fui até a janela, na tentativa de encontrá-lo em cada movimento, em cada sombra, em cada esquina e em cada ruído e nada. Decorei todos os números dos ônibus que passavam na rua e estava quase sabendo diferenciar o som dos motores de carros. E as horas se transformavam em longas eras.
Eu o esperava, esperava... e nada. Filho da puta, nada. Apenas barulhos cada vez mais agoniantes: ônibus mais barulhentos, ponteiros torturadores do rélogio da parede, o barulho das grades do elevador, o telefone do vizinho, os passos do vigia noturno, os pingos do ar-condicionado, as unhas das patas do cachorro batendo sobre o sinteco, as folhas se arrastando no chão, o vento batendo na janela... AAAAA, tudo isso se repetia e juntava-se formando uma sinfonia enloquecedora.
A porta continuava fechada.
E ele não chegava.
Pensamentos se atropelavam na minha cabeça - "Será que ele tem outra?", "Galinha, viado", "Talvez, possa ter sofrido um acidente", "Vou ligar pra polícia!", "Mas, se ele não me quer mais?", "Será que estou velha para ele?", "A culpa é minha", "Pode ter sido só um incidente", "Eu vou sair por aí atras dele", "Fica calma, porra!", "Como eu queria acreditar em Deus, só para poder rezar nessas horas"...
Barulho no corredor. Chaves na porta! O trinco se movendo!! É ele!!!!
Ele chegou, me olhou e antes que ele falasse as suas desculpas, eu o beijei. Aí, finalmente, a terra voltou a girar.
(Escrevi isso inspirada num texto que li de Jean Cocteau)

segunda-feira, julho 13, 2009

Diga adeus.

Diga adeus. Afinal, qual maneira melhor de anular a sua fuga? Há mais algo a se falar, porém, não consegues mais me convencer. Fácil, então. Adeus. Interrompa toda a linha, o status do gostar. É menos bruto que assumir que aquilo que amou é o que hoje te assombra, pois não segue o seu trilho. Trens que seguem trilhos diferentes se desencontram, cabe ao tempo e alguma estação, quem sabe, fazer com que esses se encontrem de novo. E é difícil esperar. Ansiedade, loucura e fisgadas no peito não deixam. Adeus então. Adeus porque a vida é feita disso: encontros, desencontros e despedidas – sejam essas conscientes, concebidas, aceitadas ou não. E o tempo serve para curar. O tempo que agora não temos. O tempo que os sentimentos não esperam porque correm – graças à Deus? – mais rápidos que nossa razão. Adeus. Siga feliz. É o que espero, que sigas feliz, mesmo com todo ódio que faz com que você deseje a minha morte e queiras me torturar com esse Adeus importuno. Siga feliz, feliz depois, pois sei que agora estás acabada, pensas que tudo foi em vão e vês que tudo está partido, como eu. Eu que deveria ter dito adeus. Mas, não tive forças para fugir. O meu desespero era a perda. E então, agora, perdi. Adeus. Que sutil. Que classe. Mas, não passa de uma covardia. Virar às costas para mim. Pessoa a qual construiu com você um laço. Talvez tenhamos apertado demais o nó, tanto que agora ele não se desfaz. Fica preso na garganta. Mas, há ainda espaço para dizer adeus. Pena. Adeus.

sempre outono

Nasci no outono. Maio, 8. Era domingo, dia das mães, era dia de Fla-flu. E mesmo com 3 motivos para comemorações da minha família, o motivo que fez com que aquela data marcasse foi o meu nascimento. Minha mãe já havia se acostumado com a idéia de que eu não era um menino (sempre foi me deixado claro que seu desejo era ter um menino. acho que  pela relação nada legal que tenha com sua mãe. enfim, somos mulheres antes de tudo. Mas, isso é pra outro texto no futuro.) Meu pai escolheu meu nome poucos minutos antes de eu dar o primeiro choro no mundo: Gabriela. Influência de Jorge amado, música de Jobim, outra música de Caymmi, Sônia Braga, Cravo e canela. Mas, dizem, que se importava mesmo com a cor dos meus olhos e escreveu pra mim ainda não-eu: “...de um castanho quente como um abraço. Seja como for, que sejam olhos para as coisas que nos fazem rir ou chorar...”. Meus avós paternos choraram, eles que costumam despencar nas emoções mais puras, que nem os galhos secos das árvores do nosso Grajaú. Me contaram que os avós maternos, de tão tocados com o nascimento da primeira neta, foram correndo para casa logo depois que viram pela primeira vez o meu rosto. O avô sentiu o coração como não havia sentido antes e ficou preocupado. A avó jurava até nesse momento que não iria ajudar nessa irresponsabilidade de  meus pais, viu ali o pacto começar (e será ela a mulher que me daria as maiores provas de amor que um ser pode dar ao outro.) Nasci então. Semente deles e de outros deles que vieram atrás. Agora fruto pro mundo. Nasceu lá a menina, que não cabe mais só no que tem pra trás, inicia o corte e continua amando as folhas de outono.