segunda-feira, julho 13, 2009

sempre outono

Nasci no outono. Maio, 8. Era domingo, dia das mães, era dia de Fla-flu. E mesmo com 3 motivos para comemorações da minha família, o motivo que fez com que aquela data marcasse foi o meu nascimento. Minha mãe já havia se acostumado com a idéia de que eu não era um menino (sempre foi me deixado claro que seu desejo era ter um menino. acho que  pela relação nada legal que tenha com sua mãe. enfim, somos mulheres antes de tudo. Mas, isso é pra outro texto no futuro.) Meu pai escolheu meu nome poucos minutos antes de eu dar o primeiro choro no mundo: Gabriela. Influência de Jorge amado, música de Jobim, outra música de Caymmi, Sônia Braga, Cravo e canela. Mas, dizem, que se importava mesmo com a cor dos meus olhos e escreveu pra mim ainda não-eu: “...de um castanho quente como um abraço. Seja como for, que sejam olhos para as coisas que nos fazem rir ou chorar...”. Meus avós paternos choraram, eles que costumam despencar nas emoções mais puras, que nem os galhos secos das árvores do nosso Grajaú. Me contaram que os avós maternos, de tão tocados com o nascimento da primeira neta, foram correndo para casa logo depois que viram pela primeira vez o meu rosto. O avô sentiu o coração como não havia sentido antes e ficou preocupado. A avó jurava até nesse momento que não iria ajudar nessa irresponsabilidade de  meus pais, viu ali o pacto começar (e será ela a mulher que me daria as maiores provas de amor que um ser pode dar ao outro.) Nasci então. Semente deles e de outros deles que vieram atrás. Agora fruto pro mundo. Nasceu lá a menina, que não cabe mais só no que tem pra trás, inicia o corte e continua amando as folhas de outono. 

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