quarta-feira, agosto 03, 2011

cinco oito três

Foi num 583 que nos vimos gostando um do outro pela primeira vez.
Foi logo no começo quando pensávamos que não iria acabar, nem que as tarifas aumentariam mais e mais e mais, foi logo que nos ninhamos na nossa casa e nos casamos no nosso ninho. E tudo isso embalados sob o leblon-cosme-velho e os bancos altos que nós sempre sentávamos.
O 583 e eu caindo em você nas curvas ou você sempre pedindo pra sentar na janela e a gente rindo, conversando, cantando Caetano baixinho e se amando sob o silêncio.

E sempre que algum motivo nos fazia nos desfazer do nosso 'estar-junto' e esperar o 584 cosme-velho-leblon tudo era triste, só não era pior que a demora do 583 quando se estava sozinho ou na hora de voltar. A ansiedade de chegar em casa e ver você, nem que fosse pra te olhar dormindo... mas como demorava! Por que as companhias de ônibus nunca entendem as pressas da gente que gosta tanto de estar junto?
Lembro de você lendo as poesias do Pessoa com todas as pessoas olhando, enquanto la fora Ipanema ou Laranjeiras passavam e a gente chegava no Cosme-Velho sem nem perceber a hora do rush ou Copa engarrafada. Só eu, você e cabeça no ombro com mãos entrelaçadas

Nunca imaginaríamos que tudo iria acabar com uma discussão e você entrando num 584, aos prantos, o vento no rosto e certeza que aquele era o fim de linha.
Agora, eu num 512, ao lado a praia da Urca, escrevo isso para você poder puxar a cordinha e sair em paz de mim, pra poder seguir meu novo itinerário.

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