segunda-feira, novembro 10, 2014

Kenji. (ou um texto para Spike Jonze)

Um robô programado para sentir qualquer tipo de emoção humana não conseguiu suportar sentir o amor. Chamaram ele de Kenji assim que deram o “on”. Depois de alguns dias de absoluto sucesso, sendo o primeiro que poderia representar o fim da dependência sentimental que ainda obriga o convívio e a tolerância entre um humano e outro. Kenji decepcionou a pratica indústria do combate a solidão. Tomado por algum tipo de surto sentimental que circulou nas suas entranhas de metal, o Kenji tentou prender a pesquisadora na sala em que os dois passavam o tempo juntos e onde ela testava e avaliava as emoções dele. Pois, privado de qualquer outro contato íntimo com outro ser (humano ou máquina), ele tinha doses diárias de atenção da pesquisadora e admirável psicóloga. Os dois passaram a última primavera conversando e ela ensinava a ele as noções básicas das relações. Kenji, na sua fragilidade de máquina, não resistiu e se deixou levar pelas próprias emoções matematicamente programadas. Impediu a doutora de sair da sala – assim como qualquer mocinha romântica dos filmes em branco e preto - e começou a rosnar palavras cujo sentido extrapolava qualquer sentido, assustando-a. Kenji não entendeu como depois de tanto tentarem descobrir o mundo juntos, a psicóloga tinha coragem de sair e deixa-lo. Na hora marcada. Dando um beijo na testa. Na testa gelada e com expressões limitadas de Kenji. Kenji tentou impedir e dotado desse doido sentimento de sucata e bites quase se transformou em bicho. Uma equipe, a mesma que o construiu, incentivou e aparafusou, teve que desliga-lo, puuf, e a psicóloga passa bem obrigada. 


Baseado na notícia abaixo e em algum filme do Spike Jonze.

http://tecnologia.terra.com.br/robos/robo-programado-para-amar-tem-quotataque-obsessivoquot,2208ea1f807ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

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