domingo, maio 06, 2012

Primavera em Paris


18 anos 18 anos 18 anos.
Se 17 era chuva, suor e cerveja, dezoito é muito mais do que isso. Passei a aderir ao roll-on e ao vinho. Não, guarda-chuvas jamais e estou morrendo de medo do tempo, estou morrendo da falta de tempo, estou morrendo de ânsias e acho que disso nunca me curarei. Estou doente de mim. E olha que sou feliz. E nem isso me satisfaz. Complexa. Tão nova. Duh! 18 anos e acho que vou escrever um poema. Não. Acho que vou parar e pensar. Não. Tem uma lua linda lá fora, o que eu to fazendo nessa página do Word, tentando falar coisas que eu nem entendo direito. De Lua eu entendo, porque gosto, daí não se precisa muito mais. Gosto, entendo. Assim, simples, como deve ser. 18 anos. Lua em Áries. O mesmo papo furado sobre signos, ainda não conheço Paris, nem aprendi a tocar sax. E porra cu caralho puta que pariu. A vida começou. Não dá para voltar atrás. A foda dos meus pais há 18 anos e 9 meses atrás ta aqui - de cachecol e blusa de bandinha - e bem, continua foda, só que agora regada de sentimentalismo e Freud. Bem menos divertida. 18 anos e eu volto para a análise. 18 anos e eu continuo querendo um colo de vó na hora do aperto e continuo insistindo naquilo tudo que aos 17 já achava infantil. 18 anos é talvez aceitar que se pode ser infantil às vezes (até você envelhecer e se ver a mesma criança só que agora com rugas e netos tirando meleca e limpando no seu sofá 4x sem juros da Tok e Stok). 18 anos. Furada. Golpe do governo em te botar caraminholas na cabeça, com documentos e mais documentos provando quão gente você é. Você que há 8 anos atrás jogava Yu-Gi-Oh, achava que iria ser chamado para estudar em Hogwarts e achava emocionante ficar acordado até depois da novela das 8. Nasci dia 8. Maio. 8 é meu número de sorte. Ao contrário, infinito. Infinito é assustador. 18 anos e o medo da finitude, do ponto final. Meu reino juvenil pelas reticências, virgulas. Tarada pelos exclamações. Abarrotada de interrogações.18 anos, muitos outonos pra contar ou primaveras se eu estivesse em Paris. 18 anos e emocionada ao ver que sei-lá-deus-vida-inicio-amores-cinco minutos-rir-fim faz muito sentido diante do que sou agora, diante da falta de senso que a gente mergulha desde o primeiro choro, daquele bate bola sub-vinte antes do jogo começar. 18 anos. Tricolor, atéia, ascendente em Sagitário, fã de Caetano Veloso, mais ainda de Rita Lee. 18 e ciente de que nada faz sentido até que você se torne imortal, eu termino com um ponto e vírgula;

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