domingo, setembro 06, 2009

Virgínia e eu

-Pra que a gente aprende isso? Não vai adiantar nada, daqui a 3 meses eu terei esquecido tudo! – eu falei, na esperança de puxar algum assunto com ela. Ela no caso, e parece que na hora eu havia apagado da memória esse fato, é a Virginia, CDF, certinha, meiga, futura amiga de Bill Gates e fodões do gênero.
-Pra você pode ser inútil, talvez para mais alguns, mas, imagina quem quer fazer biomédicas ou engenharia, é importante.
Depois dessa, eu deveria ter me mantido calada, prestando atenção nos exercícios de “Ligações iônicas”, mas insisti:
- é, eu sei... Por isso o Ensino daqui deveria ser igual lá fora, você escolhe o ramo que quer investir e aprende mais sobre aquilo.
-Eu não concordo com isso. Imagina! Os jovens de hoje em dia (me deu um medo profundo nessa hora) não sabem escolher direito o que querem, já pensou se você estuda para ser de humanas e resolve ser médico no meio do caminho, e ai? E além do mais, é bom que seja misturado para que haja uma interação entre diferentes tipos de pensamentos e destaques, assim, um pode ajudar o outro...
Achei que tivesse algum coordenador atrás de mim, para ela falar aquilo. Não tinha. Então, pra que ela fala dessa forma? Outra pessoa falaria algo como: “É! O Ensino do Brasil é todo errado, vamos nas ruas lutar pela mudança dessa bosta que nos obriga a decorar esquizofrenias químicas e vomitantes leis matemáticas! Urra!” – ta, talvez eu e mais 3 perdidos falassem isso, mas, ninguém a não ser Virginia responderia daquela forma.

Uma vez, quando a gente estava conversando sobre o-que-eu-vou-fazer-da-minha-vida, e eu falei que queria seguir na carreira ligada ao teatro, os olhos de Virginia conseguiram destruir a minha postura de ser-feliz-e-só-tudo-bem e me transformaram na maior vagaba do colégio que só pensa em maconha, suruba e um novo movimento hippie. Ela respondeu que queria ser juíza. Na tentativa de diminuir a minha culpa no céu, falei que eu tinha um plano B – “talvez história, jornalismo, quem sabe letras ou Relações Internacionais. Só tenho certeza de que nunca farei nada que acabe em hospitais ou repartições públicas, He he” e fiz uma cara irônica, tipo “funcionário público sucks”. E ela me perguntou o que eu tinha contra concursos públicos e uma garantia de um futuro bacana, seguro.

Nada contra, Vir. Nada. Só acho uma bosta esse tipo de emprego. Nunca seria feliz, suícidio antes dos 40 e teria, provavelmente, uma overdose de café. A bem-sucedida aqui é você, a minha parte é ir contra o sistema.

3 comentários:

  1. não há nada na escola que consiga superar o que você aprende na vida. e quem não arrisca, não vive. você é incrivel Gab, porque não te achei antes?

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  2. é, é uma bosta mesmo. mas é bom, pra ficar desenhando. só faltava café.

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  3. a mediocridade humana nada mais é do que a segurança na vida, que além de ser temporária, quando vivida com muito esmero é um saco.

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