sexta-feira, novembro 25, 2016

looping

a navegadora confessa a baleia:
- decidi que serei fado.

a baleia vira de barriga pra cima.
em seu estômago: crianças com tersóis, bichos de porte pequeno, raquetes de tênis, garrafas de helps
a navegadora olha todo horizonte e sua abundante grandeza e coça sua cabeça cansada
e estoura os lábios em brrrr

faz sol no terraço
do barco
roncos de um sonho
profundo

amor na mensagem que não veio 
amor nas lacunas 
ondas que movimentam embaralham 
nada disso é amor
é o que tira risadas e cidades e coloca um precipício no lugar

a baleia, a navegadora, memória
o sal da água
dentro do olho

já não sabe
se partiu ou se ainda não chegou
ou se restam sólidas
enormes piratas 
fadadas ao fado, às músicas tristes
a lamentar os corpos moribundos 
pela terra

baleia, navegadora
entre línguas, constelações
entre salivas, dnas
à espera
daquilo que se anuncia em molécula
cena
violão
laringe
rei
mas nunca as salvou do frio
e nem delas mesmas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário