domingo, abril 03, 2016

nós vamos passar por tudo isso juntos, meu bem

foi um dia enorme aquele em que todxs do grande país se deram conta. o centro da cidade lotou mais que em época de carnaval. uma missa parou. a praia era pequena para a multidão. o burburinho levou todos às ruas. foi coisa de horas para tirarem as camisas. peitos rígidos de diferentes tamanhos. foi combinado que era para se seguir em frente com aquilo. Perto da prisão onde ocorreu a chacina, Ana beijou Ronaldo. Em cima do gramado onde torturados na ditadura foram enterrados, cinco adolescentes carimbaram no peito nunca mais. e nada menos do que alguns milhões de braços construiu aquela imensidão de ferro, a grande jaula para os que não deviam ser nem mencionados, que tais como o bruxo mau da saga de livros e filmes adolescente, não tinham muitos planos, além de serem os donos de um mundo destruído. sim, tratavam-se de vilões óbvios. evitando mais cicatrizes, a galera aceitou a ideia de que as diferenças eram muitas e grandes, deveriam inclusive ser discutidas, mas não naquele dia. aquele dia era movido pelo mesmo elo que dá sentido a campanhas de adoção de Gatos, a correr com o corpo todo, a dormir para o amanhã e a Ana Paula querer ser mãe de mais uma menina. grudaram iscas em dólares falsos, levando até um deserto todos os que não devem mais ser mencionados, que se encaminharam com sede ao pote. em cima do deserto, jogaram a grande jaula feita por suas mãos. nunca houve um felizes para sempre, nem haveria, mas com certeza aquele foi um dia enorme.

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