segunda-feira, agosto 24, 2015

rua cândido mendes

finalmente entendo meu espaço no bairro
quando acho uma anotação de canto
de página num livro que lia
quando pensava um tanto em você
me contando sobre sua infância no Para
ou em Paris e mais uma daquelas mentiras
que misturadas nas minhas memórias
embaladas
pelo Benny Goodman que nunca
ouvimos juntos mas me fazem ter um espaço
bem claro no bairro como alguém que viu algo
além de gorilas atrás das grades ou neve na
Madison Square. amar você nunca me alívou
uma dor de dente ou trouxe se quer
algum conforto. mas se eu encontro um ps
escrito sem recursos de equilíbrio pois devia
estar em algum ônibus em movimento um ps
que dizia apenas, entre aspas depois de
um trecho de quatro linhas
sublinhado à lápis:
isso é ele

 e por ele ter sido você
 as luzes acesas num quarto pequeno
da Glória as quatro e vinte da manhã
são reais e enormes. também os anéis
de saturno, pará, paris, e a incrível
ciência por trás da água que precipita e condensa.

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