domingo, junho 08, 2014

Pianíssimo

se eu pudesse congelar o tempo. talvez parasse alguns minutos. mesmo. para conseguir respirar. subtrair oxigênio do universo e depois devolver. me retificar animal. parar somente. desaprumar. deixar. desandar. como uma música que toca no piano diversas vezes, diversas vezes, diversas vezes, diversas vezes, diversas vezes, diversas vezes e num momento ela para.

e o silêncio se faz ouvido. e eu me reencontro comigo. oi. oi. tudo bem. tudo. quanto tempo! achei que nunca mais fosse te ver! mas eu sempre estive aqui tão perto. mas e o caos. o caos? é o caos da cidade. da tua vizinhança. da tua voz insegura. dos teus beijos espalhados por ai. o caos. o caos da tua respiração ofegante na nuca de alguém que nunca te disse nada que te fizesse sentir importante. o caos da tua realidade que você cisma em misturar com os seus, os nossos sonhos antigos. o caos que te faz tão bonita. achei que nunca mais fosse te encontrar.

nem eu
mas ó
sou eu todo esse caos.
mas só dá para ver bem com o tempo parado assim.
e se ele voltar a correr?

ai eu já não sei mais. vou ter que arrumar um modo algum momento de saber. organizar. fugir. romper. crescer. tá ai a raiz de todo esse desencontro forçado. é culpa de deus que me escapou em algum momento e toda aquela certeza e sentido ficou sem lugar para ir. penso em pintar quadros todos os dias. mas ainda não comprei as tintas, nem a tela. fico à toa. penso muito no cara. penso muito. penso. e o tempo passa sobre mim, sem nem pensar se eu quero.

só que a música. aquela do piano volta a tocar.

e a gente tem que seguir nela. talvez o truque seja dançar. dançar. estender os sentidos. alcançar a infinitude. se desgrudar de si. tornar-se projeção do seu próprio espirito. perder o tempo, deixar ele sair pelas mãos. encontrar contigo de novo.

você que é eu. e que eu sinto tanta falta. e que eu procuro no olhar dele. o cara. identificar. essa partícula perdida.  esse nó do mundo. essa coisa toda que já já vai ser.

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