terça-feira, dezembro 18, 2012

infinito vezes zero

e foi num dia assim, tipo hoje, só que antes e mais fresco porque era outono, que ele saiu de casa. estava pronto. tinha tudo ali nele. um all star vermelho, os filmes e músicas de uma cultura burguesa de se orgulhar, adjetivos inteligentes, chicletes, uma estratégia pro jogo de luta do video game, o desodorante ideal. tava tudo ali, o que ele esqueceu pouco importava. ele era seu próprio universo, sua barreira, seu forte. ele era um astro luminoso, um cara engraçado e que importava muito pros seus pais, cachorro e avós. ele tinha um lugar para ir muitas vezes na vida, ele tinha um lugar ao sol e ele tinha, principalmente, como e aonde voltar. ele era gigante, no sentido que já misturava doce com salgado, bebia água pra hidratar, tocava baixo numa banda vanguardista e obsoleta e tinha um ídolo pra chamar de seu. ele, ah ele. ele era incrível impenetrante intolerante insensível e invisível sempre que queria. ele tinha aquilo tudo e ainda carregava uma mochila com os pertences superficiais. ele era tudo aquilo, saiu de casa naquela manhã de outono, radiando. cheio de si. que cara bacana. ouvia Richard Hell e saia fazendo caretas, desafiando o mundo, a cada distorção de guitarra.

pen pen pen

pon pon

pen

pon

até que ela apareceu.

Ela. Ela. Ela. Ela. pen. pon. pon. Ela.

ele agora não tinha mais nada.

nem era.

já era

Ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário