terça-feira, dezembro 21, 2010

Só no mar.

Caiu por ter tentado desviar. “O que fazer agora?” se perguntava, a menina de signo de terra. Olhava o céu daquele começo de verão e lembrava que não era mais triste. Havia uma luz. Havia uma tristeza passada, seu atestado de vivência. Havia o desejo. Havia o tesão pelo futuro. Havia o medo, as sombras.
Havia ele agora. Assim, se sentia parte de algo. Queria ser dele e se perguntava “Mas, de quem somos, se somos tanto de nós mesmos?”

Como ela, a que mais sofrera por amor, se deixou levar de novo e cair?
Cair de cabeça.
Cair no mar, dessa vez.
Não mais botar só os pezinhos.
Banhada por incertezas. Banhada pela feminidade que se espelhava por seus gestos, toques e olhar. Banhada pela vontade crescente. Banhada pela ternura de menina crescida.

Do mar, via a lua. Imaginava a lua como feita para ela e feita para ele.
Para o olhar deles que ia além do olhar dos medíocres que passam sem perceber a grandeza dos sinais. A grandeza dos sons. A grandeza da lua. A grandeza do ser.
O verdadeiro problema do ser é que ele nunca sabe o quanto pode levitar e se atirar ou o quanto é pesado para cair.

Ela sentia o peso puxar seu corpo dentro daquele mar,
Mesmo assim, boiava. Flutuava sobre a imensidão.
A imensidão sentida. As dúvidas como ondas.
Os medos.
O calor. Calor das trocas.
A lua cheia de verão.
Deixava-se ir com o mar.

5 comentários:

  1. cada vez mais me encanto com seu jeito maduro e cativante de escrever...parece uma mulher vivida e nada verdade só está descobrindo a vida como ela é...lindíssimo filha.
    bjs

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  2. É!!!
    Minha neta está amadurecendo rapidamente...
    Estilo lindo de escrever. Parabéns.
    VOVOZÉ

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  3. "O verdadeiro problema do ser é que ele nunca sabe o quanto pode levitar e se atirar ou o quanto é pesado para cair."... gostei! Você escreve maravilhosamente amiga, sério.

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  4. É bem fácil acreditar nas suas palavras, rs. Bem ritmico o que você escreve, feito as ondas do fim do texto. Eu só penso que sempre somos tão pouco de nós mesmos, alias, nunca fomos (ou seremos) nossos.

    (desculpe aparecer sem me apresentar, mas deu muita vontade de comentar o que eu li)

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