quarta-feira, julho 07, 2010

Espelho meu, espelho teu

Ela se olha no espelho.
Seus traços, sua sobrancelha, um olhar...
Só lembram os traços e olhares daquela mulher que ela queria se transformar.

Ela se olha no espelho buscando admiração
Busca, busca, busca...
Ela só olha agora.
Olha vazio.

Olho castanho tão sincero.
Olho castanho tão cansado.

Busca agora na boca, ou melhor, no lábio superior
A verdadeira verdade.
Nos olhos a alma, e na boca?
Na boca a expressão primogênita do corpo?
Na boca só a verdade importa.
Mentiras sinceras também.

E ela ri, ri até as bochechas se formarem melhor, os olhos fecharem um pouco e o nariz ficar meio arrebitadinho.
Ri de que a vaidosa menina?
Ri sem som.
Ri sem ele.

Não.

Chega! Não quer procurar traços nela que lembrem ele!
ah não...
Ela estava fazendo isso desde o princípio.
Aliás, espelho só se tornou importante quando ele a chamou de “bonita”.

Aonde ele achou essa beleza?
Nos olhos, na boca, no queixo ou na pinta?
O olhar procura essa minúcia em todo canto do rosto da garota.
De pose em pose,

A menina à procura de um jeito dela que nele encanta,
Se torna mulher.

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