sexta-feira, outubro 09, 2009

Praça Saens Peña

Hoje em pleno momento de fobia social no meio da praça Saens Peña, me dei conta do quanto gente me irrita às vezes. Principalmente quando estão em massa.

Eu sou uma pessoa do bem. Juro. Mesmo assim, se eu andasse armada, não confiaria.

Começou com o papo de vizinha fofoqueira da mulher que sentou do meu lado no ônibus. - O 410 tem sina de só pegar figuras bizarras – eu entrei por acidente, sou completamente 409. – A tal mulher contou tanta desgraça que o Jornal Nacional deveria contratá-la. Programa da Márcia (não que eu veja!!) é cosquinha perto das coisas que ela falava. Daria IBOPE até para a Band.

O motorista do ônibus era um daqueles que gritavam e cuspiam para fora da janela e – de sacanagem – não deixou um cara aleijado entrar. Quase saltei do ônibus, percebi que me encontrava no Catumbi e não estava afim de apreciar o cemitério.

Sai do ônibus com uma cara de Hitler errustido. Comecei a praticar um mantra interno, a pensar na Julie Andrews cantando “a few of my favorite things”. Pouco adiantou. Estava na Saens Peña e nem se Gandhi baixasse em mim, eu ficaria bem.

Quando, de sem querer, esbarrei numa senhora, ela fez a questão de jogar com o olhar toda sua frustração por não fazer sexo desde 1951.

Fui cantada por um camelô, que em resposta ao “princeesa” recebeu o meu mais potente olhar metralhador e - como o inferno não é o limite - retrucou com um “relaxa, nein”. Senti minhas veias ficarem altas. Dançando sapateado para desviar dos outros vendedores ambulantes, continuei no (árduo) caminho até meu lar (doce lar).

Como era atalho para minha rua, passei pela galeria das “Casas Bahia”. Devo ser mazoquista. Um cara berrando as promoções IMPERDÍVEIS – essa palavra ainda ecoa na minha cabeça - , uns coitados econômicos e a reunião de todos os asilos da América Latina estavam ali. DETESTO as Casas Bahia.

Na rua, ícones que davam vontade de surtar me perseguiam. Era uma conspiração. Os semi-aleijados que trancavam a rua, me fazendo perseguir canelas freneticamente. A garota de top e shortinho que era modelo de celulite “casca de laranja” e de banhas saltitantes desfilando. E aquela multidão de caras ranzinzas. Bateu uma overdose de vontade de socar um.

E o mendigo da minha rua – que até gosto por conhecê-lo desde que nasci – me seguiu até o fim da saga cantando pagode.

Casa! Minha casa. Comida de ante-ontem na geladeira. Minha mãe de TPM. Quarto bagunçado. Internet lenta. Comecei a rir. Meu sistema psicótico começou a fluir. Comecei a perseguir as formiguinhas da mesa e a ouvir Wagner.

Talvez, Woody me entenderia. Juro que preciso entrar na Ioga! Agora vou tomar um Rivotril.

5 comentários:

  1. Tenho disso o tempo todo e não matei ninguém até hoje (que eu saiba, não).

    Boa sorte com a perseguição!

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  2. adoreeeeeeeeeeei ri absuuurdos, hilaario gábi. :D bjs e saudaades imensas :/

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  3. muito bom =D
    AHH claro, o rivotriiil! ahahah

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  4. Tirando a mãe de TPM, mandou muito bem. O texto é cômico sem ser bossal, tem o tom certo, sútil. Gostei muito. Bjs.

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  5. Hahaha! Nossa Gabi.. Muito bom! Ri muuito haha. Beijoss, mts saudades!

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